sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Record News engana telespectador e exibe programa gravado como se fosse ao vivo

O alicerce de um canal que se denomina jornalístico é a credibilidade que o mesmo passa ao telespectador, certo? Até porque não adiantaria nada usar como fonte um veículo que não passa informações verdadeiras ao seu público.
Pois não é o que acontece na Record News. O primeiro canal de notícias da TV aberta brasileira exibe, sem nenhuma preocupação, um programa gravado como se ele estivesse ao vivo. Simples assim.
O Record News Brasil, um dos principais telejornais da casa, exibe lá no canto superior da tela o selo “ao vivo” durante todo o seu período de exibição (das 20h ás 21h), quando na verdade o telejornal é pré gravado para não atrapalhar as “atividades extra curriculares” do Jornal da Record News, de Heródoto Barbeiro que vem em seguida.
Desde que estreou em 23 de maio deste ano, a emissora exibe pelo portal R7 os bastidores do telejornal de Barbeiro com entrevistas e números musicais – no melhor estilo “um banquinho, um violão” – quinze minutos antes de entrar no ar pela TV.
Comum em várias emissoras, os dois usam o mesmo espaço físico como cenário: a redação de jornalismo. Porém, os telespectadores do canal (acreditamos que existam vários) que acompanha pela televisão e aguarda o próximo assistindo a transmissão da internet, percebe de cara a farsa do canal.
 
A MÁGICA DA TV
Durante dois dias, o blog monitorou as duas transmissões. Na terça dia 8, Heródoto Barbeiro recebeu Rhaissa Bittar para o bate papo antes do início do JR News. Ás 20h55, enquanto conversava com a cantora próximo a um telão no fundo do cenário, o Record News Brasil (ainda no ar pela TV e “ao vivo” segundo a emissora) exibe o mesmo local, sem ninguém. Cadê os convidados?
 
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Quarta, dia 9. Agora a conversa é com a icônica Tetê Espíndola. No ar pelo R7, o cenário é o mesmo só que por um ângulo diferente. Novamente as duas transmissões mostram (com poucos segundos de diferença) o mesmo espaço. Na TV, ao vivo, ele está vazio. Na internet, também ao vivo, tem Barbeiro e Espídola cantando “Escrito nas Estrelas”. Em em qual acreditar agora?
 
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[Na imagem, a bancada do jornal que ainda está no ar ”ao vivo” pela TV,
já aparece vazia na transmissão da internet: Coerência, cadê?]
 
Foram feitas várias tentativas de contato pelo atendimento ao telespectador e pela assessoria de comunicação do canal, mas a Record News não se pronunciou. Caso o faça, este mesmo espaço será utilizado para a plausível explicação da emissora.
 
NÃO É O PRIMEIRO, NEM O ÚLTIMO
Por mais absurdo que possa parecer – e na verdade é – esse caso da Record News não é o primeiro nem o último na televisão nos últimos anos.
Em 2008, o “Brasil Urgente” de José Luiz Datena exibiu entrevistas e perseguições policiais pré gravadas com o selo de "ao vivo” na tela. Tamanho desrespeito chamou a atenção até do Ministério Público Federal que pediu explicações da emissora na época. A Band se defendeu dizendo que o selo apareceu apenas em alguns momentos da transmissão, quando a tela era dividida entre o assalto gravado e o apresentador, que estava ao vivo. De lá pra cá não há mais registros semelhantes na emissora.
Nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara esse ano, a mesma Record (emissora principal) tentou fazer o mesmo. Durante alguns dias, compactos de jogos e apresentações na íntegra eram exibidas á tarde com narração ao vivo. Dessa vez, nenhuma inscrição na tela foi vista mas, nem por isso deixou de ser notado por telespectadores e pela imprensa. O UOL Esporte deu destaque a essa postura da emissora, o que gerou fúria entre os contratados do canal.
Curiosamente, a mesma emissora que defende o livre acesso á informação de qualidade ainda não aprendeu a lição mais básica de todas: o respeito.