Um dos últimos e mais antigos cinemas de rua de São Paulo fechou as portas.
O Cine Belas Artes, que já foi point da sociedade paulistana dos anos 50, 60, e 70, até pouco tempo atrás vivia seu mais absoluto ostracismo.
Concorreu durante anos com os cinemas de shoppings, esses com programação mais atrativa para o novo público que surgiu, que não exige mais bons filmes, e sim diversão barata com histórias modernas, apelativas e de pouco conteúdo. Fincado numa cidade que só viu crescer a bandidagem, o cinema exibia filmes alternativos, obras primas da sétima arte (o que poucos ou nenhum cinema faz, obviamente observando seu pouco retorno comercial) acabou vendo diminuir seus fiéis e importantes clientes ao longo de quase sete décadas.
Não só o cinema, mais seus antigos e famosos vizinhos, como o Bar Riviera e tantos outros, também tiveram sua história interrompida pela mudança de hábito e principalmente, mudança de comportamento da sociedade paulistana.
O que antes foi sinônimo de glamour, reduto de pensadores e formadores de opinião, nos dias atuais se limitou a um gigante decadente, com programação desinteressante para os nossos “novos pensadores”, se é que eles existem. Vítima do crescimento rápido e mal planejado da cidade, o Belas Artes viveu nos dias que antecedeu seu fechamento a comoção tardia da sociedade que o desprezou durante décadas. Inútilmente querendo seu tombamento.
Só resta os seus frequentadores antigos, aqueles que viveram a época de ouro do cinema, guardarem na memória a efervescência de uma época que infelizmente ficará de vez no passado.