domingo, 15 de maio de 2011

Pegadinha comercial do “Pânico na TV” pode trazer sérias consequencias ao programa

O programa “Pânico na TV” pode não ser um sinônimo de credibilidade na TV brasileira, muito menos conhecido pela qualidade das suas produções. Pelo contrário, com um roteiro improvisado e mambembe, ainda assim é um dos programas mais rentáveis de sua emissora, a RedeTV!. Porém, a equipe comandada por Emílio Surita se meteu em uma encrenca, ou melhor, transparece que estão encrencados.

Motivado pelo espírito de “originalidade” que move sua equipe, o programa está em constante procura por novidades que possam ao mesmo tempo, causar sucesso momentâneo, e custar pouco para a emissora.

Foi assim que o Brasil conheceu Zina, um torcedor corintiano, que além de não ter graça em momento algum, não falava coisa com coisa na TV. A garotada gostava, aplaudia aquilo tudo como se fosse a grande descoberta da cultura nacional. Após seu envolvimento em confusões, Zina foi descartado.

Depois veio Gorete, uma jovem sem dentes e desprovida de beleza que foi, por longos domingos, garantia de audiência na atração. Sendo amplamente explorada (ou como eles gostam de falar, sendo ajudada pelo programa). Ok.

A última empreitada foi em duas garotas europeias que, aparentemente, gostariam de conhecer o Brasil. Após o sucesso que fizeram pela internet, a produção do programa tratou de buscar as duas para estrelar um reality, onde elas conheceriam o Brasil ao lado de Sabrina Sato. Novamente um sucesso garantido.

Mas estávamos diante de uma farsa.

A história começou a mudar a partir de quinta feira passada, quando o jornal Folha de S. Paulo descobriu que tudo não passava de uma jogada comercial para o lançamento de uma nova cerveja no mercado. A CBBP (Companhia Brasileira de Bebidas Premium), responsável pela cerveja e (sic) articuladora da campanha, apostou no chamado “ambush marketing”, o marketing de emboscada que, em outras palavras, engana o público para tentar vender a marca/produto. Poderia não ter problema algum se o próprio programa Pânico não fosse patrocinado por outra cerveja, a Skol.

Do aspecto comercial, o patrocínio de duas empresas concorrentes no mesmo ramo e em uma única atração na TV, além de ser inviável, traz prejuízos para a marca e para a imagem da empresa. Mais não para o programa, que lucra com as duas.

Com contrato de exclusividade no dominical, a AmBev, dona da marca Skol, agora exije explicações.

Bom, vamos aos fatos:

  1. Ingenuidade é uma característica que não combina com o Pânico na TV. Basta olhar para tudo o que o programa já fez nesses anos todos na televisão. O telespectador assíduo sabe bem do que estou falando.
  2. Em qualquer atração de TV, seja ela o mais sofrível programa do mundo, sempre há uma montanha de papelada a ser assinada. Tanto pra exclusividade, pra direitos de imagem, pra utilização artística, pra utilização comercial, e assim vai... Seja ela numa simples participação especial de 2 segundos na madrugada, seja ela para estrelar reality shows, que é caso dessas tchecas. E lá constaria SEU NOME, o número dos seus documentos, dos seus pais…
  3. Nada melhor que uma polêmica pra lançar uma cerveja, não é mesmo? Como já vimos com a Devassa, que teve comercial com Paris Hilton proibidos de veiculação e com a Kaiser que comprou uma capa na revista Caras, forjando o namoro de Karina Bacchi com um baixinho que era garoto propaganda da cerveja.

Agora, o que parece uma grande brincadeira, pode sair caro para o programa.

O Brasil até hoje não se esqueceu do fatídico domingo em que na televisão brasileira, uma entrevista falsa com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi levada ao ar por Gugu Liberato no programa Domingo Legal, do SBT.

Na época, o que era pra ser inédito e exclusivo, tornou-se o mais lamentável episódio de desrespeito e falta de ética que já se viu, com graves consequências para a imagem do programa, e do apresentador. O dominical começou a perder anunciantes, audiência e credibilidade. O mais assistido programa de auditório da TV, no inicio dos anos 2000, até hoje, patina em audiência.

O programa Pânico nega veementemente que sabia da jogada de marketing da empresa por trás das “tchecas do Brasil”. Nega da mesma forma que um dia, Augusto Liberato também negou que sabia da falsidade da entrevista com membros do PCC.

É preciso ter cuidado. O pensamento e o poder do telespectador hoje em dia são bem diferentes, e qualquer deslize pode ser fatal para a carreira de qualquer um que se expõe na TV.

O que esperar de uma empresa que faz emboscada de marketing para atrair atenção do público? O que esperar de um programa, que se diz inocente e aquém de qualquer responsabilidade, mais que permite esse tipo de comportamento, enganando os seus telespectadores?

É aguardar pra ver.

 

TV FOLHA: Jornal exibe o momente em que, supostamente, o diretor do Pânico descobre a farsa
Posted in ,  on maio 15, 2011 by Thiago Cipriano |