segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Perdendo cada vez mais fiéis, Igreja Universal apela e usa televisão para praticar intolerância religiosa

A Igreja Universal do Reino de Deus, uma organização religiosa comandada por Edir Mecedo Bezerra, protagonizou no último domingo mais um lamentável episódio de desrespeito á liberdade religiosa.
Durante quase 40 minutos, uma reportagem na televisão pregou, sem nenhum disfarce, a intolerância em forma de jornalismo investigativo. Trata-se do já conhecido meio de defesa dos interesses pessoais do bispo que, vez ou outra sai do campo religioso para as páginas policiais. Ele utiliza o volumoso casting de sua rede de televisão para ataques a quem quer que seja.
Nos últimos anos, a Igreja Universal usou e abusou do “jornalismo verdade” da Record para se defender de denúncias de formação de quadrilha, estelionato, duas modalidades de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério público de São Paulo, a Igreja utiliza o dinheiro dos fiéis para fins pessoais de seus vários dirigentes.
 
O MEDO DA FONTE SECAR
Heloísa Villela: De correspondente internacional á defensora dos interesses de Edir  (Foto: Reprodução de TV)Durante 40 minutos, imagens de pessoas caindo viraram deboche na tela da Record.  (Foto: Reprodução de TV)
Temendo cada vez mais a diminuição de seguidores (e consequentemente a diminuição de sua farta renda), as vítimas da vez são as chamadas "igrejas neopentecostais". Núcleos e congregações que se baseiam no "louvor e adoração ao Espírito Santo", cantadas principalmente em músicas gospel. Dentre as adeptas e precursoras desse estilo, está o desafeto fonográfico de Edir Macedo, a cantora Ana Paula Valadão.
São as neopentecostais que abocanham uma considerável fatia na indústria da fé, uma fonte inesgotável de dinheiro livre de impostos.
O chamariz dessas novas igrejas tem sido cada vez mais fortes do que a doutrina defendida por Macedo e por tantos outros: a "teologia da prosperidade". Nela, só recebe bencãos quem ajuda a obra de Deus, ou em outras palavras, "ou dá ou desce".
Os repórteres Afonso Mônaco e Heloísa Vilella  tentaram desvendar o "mistérios dos cultos religiosos da doutrina do cai cai". Foram ouvidos ex-fiéis, psicólogos e até neurologistas. Nela, pessoas ficam imóveis e caem no chão numa espécie de transe hipnótico. O ritual se assemelha ao famoso "descarrego", praticado na Igreja de Edir. Alvo de chacotas, os pulos, rodopios, e as quedas coletivas são denominadas como “coisas do Diabo” e “atitudes de que vão contra as palavras de Deus”. Tudo a mando de Edir.
Com câmeras escondidas, produtores e jornalistas do canal se infiltraram dentro das Igrejas, mostrando mais uma vez que a coerência não faz parte dos princípios jornalísticos da Record.
 
CADÊ A COERÊNCIA?
A câmera escondida da Globo em 2009 (Foto: Reprodução de TV)A câmera escondida da Record em 2011 (Foto: Reprodução de TV)
Em 2009, diante da chuva de denúncias contra a IURD, um das ideias defendidas pelas extensas reportagens em  sua defesa, foi o desrespeito da imprensa na invasão de cultos religiosos com câmeras escondidas. A TV Globo, principal alvo dessas críticas, utilizou da técnica para mostrar como funcionava a arrecadação de dinheiro nos megatemplos mantidos pela Universal. Talvez daí tenha sido tirada toda a inspiração para a produção da reportagem na emissora.
Tais ataques não visa apenas a desconstrução daquilo que se prega nessas novas congregações. Nunca antes na história pode-se ver um exemplo tão claro desse poder de fogo a fim de "eliminar uma concorrente religiosa" que ameaça seu território.